--- filename: learngo-pt.go contributors: - ["Sonia Keys", "https://github.com/soniakeys"] - ["Jose Donizetti", "https://github.com/josedonizetti"] translators: - ["Nuno Antunes", "https://github.com/ntns"] --- A linguagem Go foi criada a partir da necessidade de ver trabalho feito. Não é a última moda em ciências da computação, mas é a mais recente e mais rápida forma de resolver os problemas do mundo real. Tem conceitos familiares de linguagens imperativas com tipagem estática. É rápida para compilar e rápida para executar, acrescentando mecanismos de concorrência fáceis de entender para tirar partido dos CPUs multi-core de hoje em dia, e tem recursos para ajudar com a programação em larga escala. Go vem com uma biblioteca padrão exaustiva e uma comunidade entusiasta. ```go // Comentário de uma linha /* Comentário de várias linhas */ // A cláusula package aparece no início de cada arquivo. // main é um nome especial declarando um executável ao invés de uma biblioteca. package main // A cláusula Import declara os pacotes referenciados neste arquivo. import ( "fmt" // Um pacote da biblioteca padrão da linguagem Go "net/http" // Sim, um servidor web! "strconv" // Conversão de Strings ) // Definição de uma função. Main é especial. É o ponto de entrada para o // programa executável. Goste-se ou não, a linguagem Go usa chaves. func main() { // A função Println envia uma linha para stdout. // É necessário qualificá-la com o nome do pacote, fmt. fmt.Println("Olá Mundo!") // Chama outra função dentro deste pacote. beyondHello() } // As funções declaram os seus parâmetros dentro de parênteses. Se a função // não receber quaisquer parâmetros, é obrigatório usar parênteses vazios. func beyondHello() { var x int // Declaração de variável. Tem de ser declarada antes de usar. x = 3 // Atribuição de variável. // Declarações "curtas" usam := para inferir o tipo, declarar e atribuir. y := 4 sum, prod := learnMultiple(x, y) // a função retorna dois valores fmt.Println("soma:", sum, "produto:", prod) learnTypes() // continuar a aprender! } // As funções podem receber parâmetros e retornar (vários!) valores. func learnMultiple(x, y int) (sum, prod int) { return x + y, x * y // retorna dois valores } // Alguns tipos e literais básicos. func learnTypes() { // Declarações "curtas" geralmente servem para o que pretendemos. s := "Aprender Go!" // tipo string s2 := `Uma string em "bruto" pode incluir quebras de linha.` // mesmo tipo string // literal não-ASCII. A linguagem Go utiliza de raiz a codificação UTF-8. g := 'Σ' // tipo rune, um alias para int32, que contém um código unicode f := 3.14159 // float64, número de vírgula flutuante de 64bit (IEEE-754) c := 3 + 4i // complex128, representado internamente com dois float64s // Declaração de variáveis, com inicialização. var u uint = 7 // inteiro sem sinal, tamanho depende da implementação do Go var pi float32 = 22. / 7 // Sintaxe de conversão de tipo, com declaração "curta". n := byte('\n') // byte é um alias para uint8 // Os arrays têm tamanho fixo e definido antes da compilação. var a4 [4]int // um array de 4 ints, inicializado com ZEROS a3 := [...]int{3, 1, 5} // um array de 3 ints, inicializado como mostrado // As slices têm tamanho dinâmico. Os arrays e as slices têm cada um as // suas vantagens mas o uso de slices é muito mais comum. s3 := []int{4, 5, 9} // compare com a3. sem reticências aqui s4 := make([]int, 4) // aloca uma slice de 4 ints, inicializada com ZEROS var d2 [][]float64 // declaração apenas, nada é alocado bs := []byte("uma slice") // sintaxe de conversão de tipos p, q := learnMemory() // learnMemory retorna dois apontadores para int. fmt.Println(*p, *q) // * segue um apontador. isto imprime dois ints. // Os maps são um tipo de matriz associativa, semelhante aos tipos hash // ou dictionary que encontramos noutras linguagens. m := map[string]int{"três": 3, "quatro": 4} m["um"] = 1 // As variáveis não usadas são um erro em Go. // O traço inferior permite "usar" uma variável, mas descarta o seu valor. _, _, _, _, _, _, _, _, _ = s2, g, f, u, pi, n, a3, s4, bs // Enviar para o stdout conta como utilização de uma variável. fmt.Println(s, c, a4, s3, d2, m) learnFlowControl() } // A linguagem Go é totalmente garbage collected. Tem apontadores mas não // permite que os apontadores sejam manipulados com aritmética. Pode-se cometer // um erro com um apontador nulo, mas não por incrementar um apontador. func learnMemory() (p, q *int) { // A função retorna os valores p e q, que são do tipo apontador para int. p = new(int) // a função new aloca memória, neste caso para um int. // O int alocado é inicializado com o valor 0, p deixa de ser nil. s := make([]int, 20) // alocar 20 ints como um único bloco de memória s[3] = 7 // atribui o valor 7 a um deles r := -2 // declarar outra variável local return &s[3], &r // & obtém o endereço de uma variável. } func expensiveComputation() int { return 1e6 } func learnFlowControl() { // As instruções if exigem o uso de chavetas, e não requerem parênteses. if true { fmt.Println("eu avisei-te") } // A formatação do código-fonte é "estandardizada" através do comando // da linha de comandos "go fmt." if false { // reclamar } else { // exultar } // Preferir o uso de switch em vez de ifs em cadeia. x := 1 switch x { case 0: case 1: // os cases não fazem "fall through" case 2: // esta linha só é executada se e só se x=2 } // Tal como a instrução if, a instrução for não usa parênteses. for x := 0; x < 3; x++ { // x++ é uma instrução, nunca uma expressão fmt.Println("iteração", x) } // note que, x == 1 aqui. // A instrução for é a única para ciclos, mas assume várias formas. for { // ciclo infinito break // brincadeirinha continue // nunca executado } // O uso de := numa instrução if permite criar uma variável local, // que existirá apenas dentro do bloco if. if y := expensiveComputation(); y > x { x = y } // As funções podem ser closures. xBig := func() bool { return x > 100 // referencia x, declarado acima da instrução switch. } fmt.Println("xBig:", xBig()) // true (1e6 é o último valor de x) x /= 1e5 // agora temos x == 10 fmt.Println("xBig:", xBig()) // false // Quando for mesmo necessário, pode usar o velho goto. goto love love: learnInterfaces() // Mais coisas interessantes chegando! } // Define Stringer como uma interface consistindo de um método, String. type Stringer interface { String() string } // Define pair como uma struct com dois campos ints chamados x e y. type pair struct { x, y int } // Define um método para o tipo pair. O tipo pair implementa agora a // interface Stringer. func (p pair) String() string { // p é chamado de "receptor" // Sprintf é outra função pública no pacote fmt. // Uso de pontos para referenciar os campos de p. return fmt.Sprintf("(%d, %d)", p.x, p.y) } func learnInterfaces() { // Uma struct pode ser inicializada com os valores dos seus campos dentro // de chavetas, seguindo a mesma ordem com que os campos foram definidos. p := pair{3, 4} fmt.Println(p.String()) // chama o método String de p, que tem tipo pair. var i Stringer // declara i do tipo interface Stringer. i = p // válido, porque pair implementa Stringer // Chama o método String de i, que tem tipo Stringer. Mesmo que acima. fmt.Println(i.String()) // As funções no pacote fmt chamam o método String para pedir a um objecto // uma representação textual de si mesmo. fmt.Println(p) // mesmo que acima. Println chama o método String. fmt.Println(i) // mesmo que acima. learnErrorHandling() } func learnErrorHandling() { // ", ok" forma idiomática usada para saber se algo funcionou ou não. m := map[int]string{3: "três", 4: "quatro"} if x, ok := m[1]; !ok { // ok vai ser false porque 1 não está no map m. fmt.Println("ninguem lá") } else { fmt.Print(x) // x seria o valor, se 1 estivesse no map. } // Um valor de erro comunica mais informação sobre o problema. if _, err := strconv.Atoi("non-int"); err != nil { // _ descarta o valor // imprime "strconv.ParseInt: parsing "non-int": invalid syntax" fmt.Println(err) } // Vamos revisitar as interfaces um pouco mais tarde. Entretanto, learnConcurrency() } // c é um channel, um objecto para comunicação concurrency-safe. func inc(i int, c chan int) { c <- i + 1 // <- é operador "enviar" quando um channel aparece à esquerda. } // Vamos usar a função inc para incrementar números de forma concorrente. func learnConcurrency() { // A mesma função make usada anteriormente para alocar uma slice. // Make aloca e inicializa slices, maps, e channels. c := make(chan int) // Inicia três goroutines concorrentes. Os números serão incrementados de // forma concorrente, talvez em paralelo se a máquina for capaz e estiver // configurada correctamente. As três goroutines enviam para o mesmo canal. go inc(0, c) // go é a instrução para iniciar uma goroutine. go inc(10, c) go inc(-805, c) // Lê três resultados do channel c e imprime os seus valores. // Não se pode dizer em que ordem os resultados vão chegar! fmt.Println(<-c, <-c, <-c) // channel na direita, <- é operador "receptor". cs := make(chan string) // outro channel, este lida com strings. cc := make(chan chan string) // channel que lida com channels de strings. go func() { c <- 84 }() // inicia uma goroutine para enviar um valor go func() { cs <- "palavroso" }() // outra vez, para o channel cs desta vez // A instrução select tem uma sintaxe semelhante à instrução switch mas // cada caso envolve uma operação com channels. Esta instrução seleciona, // de forma aleatória, um caso que esteja pronto para comunicar. select { case i := <-c: // o valor recebido pode ser atribuído a uma variável fmt.Printf("é um %T", i) case <-cs: // ou o valor recebido pode ser descartado fmt.Println("é uma string") case <-cc: // channel vazio, não se encontra pronto para comunicar. fmt.Println("não aconteceu") } // Neste ponto um valor foi recebido de um dos channels c ou cs. Uma das // duas goroutines iniciadas acima completou, a outra continua bloqueada. learnWebProgramming() // Go faz. Você quer faze-lo também. } // Basta apenas uma função do pacote http para iniciar um servidor web. func learnWebProgramming() { // O primeiro parâmetro de ListenAndServe é o endereço TCP onde escutar. // O segundo parâmetro é uma interface, especificamente http.Handler. err := http.ListenAndServe(":8080", pair{}) fmt.Println(err) // não ignorar erros } // Tornar pair um http.Handler ao implementar o seu único método, ServeHTTP. func (p pair) ServeHTTP(w http.ResponseWriter, r *http.Request) { // Servir dados com um método de http.ResponseWriter w.Write([]byte("Aprendeu Go em Y minutos!")) } ``` ## Leitura Recomendada A principal fonte de informação é o [web site oficial Go](https://go.dev/). Lá é possível seguir o tutorial, experimentar de forma iterativa, e ler muito. A própria especificação da linguagem é altamente recomendada. É fácil de ler e incrivelmente curta (em relação ao que é habitual hoje em dia). Na lista de leitura para os aprendizes de Go deve constar o [código fonte da biblioteca padrão](https://go.dev/src/). Exaustivamente documentado, é a melhor demonstração de código fácil de ler e de perceber, do estilo Go, e da sua escrita idiomática. Ou então clique no nome de uma função na [documentação](https://go.dev/pkg/) e veja o código fonte aparecer! Outra ótima fonte para aprender Go é o [Go by example](https://gobyexample.com/). Apesar de ser em inglês, é possível recodificar os exemplos para aprender sobre a linguagem.